Meus queridos amigos, estamos no mês da Bíblia e eu gostaria de vos transmitir um pouco da grandeza e da beleza da Palavra de Deus, ainda que eu o possa fazer apenas de forma rudimentar e um pouco ofuscada, pois a Palavra de Deus é insodável.
O grande Apóstolo São Paulo chega a dizer: “Coube a mim a graça de anunciar entre os pagãos a inexplorável riqueza de Cristo” (Ef 3, 8). Em hebraico se diz: “Et  oshér  Hamashía  ashér  lô iêháker”, isto é, anunciar a opulência, a riqueza, a abundância, a fortuna do Messias a qual não se sondará, não se pesquisará, a qual não se esquadrinhará.  Por isto é que não existem palavras para manifestar a grandeza e a beleza de Deus.
No entanto, eu gostaria de iniciar este momento agradável com vocês, meus queridos leitores, com uma expressão que escutei ao ver o show de Roberto Carlos em Jerusalém, no dia 7 de setembro de 2011. Ele começou sua apresentação para todos as pessoas presentes em Jerusalém, e também para aqueles que o acompanharam em todo mundo, através dos meios de comunicação, dizendo: “Que prazer!” (1)
Eu tomo exatamente esta expressão para falar da Palavra de Deus: que prazer em ouvir a Palavra de Deus (2); que prazer em ter contato com a Palavra de Deus (3), que prazer em poder vivê-la (4).

Mas porque a Palavra de Deus é tão encantadora e faz tão bem a nós que temos contato com ela? Uma das razões está justamente no fato de que ela vem diretamente de Deus, e ela é pura e purifica a quem se encontra com ela (5). Numa versão Inglesa se diz: “The Word of the Lord are words without alloy”, isto é: a Palavra de Deus é pura e sem nenhum tipo de mistura. Jesus mesmo chega a dizer aos seus Apóstolos: “Vós já estais puros pela Palavra que vos tenho anunciado” (Jo 15, 3).
A primeira Bílbia, se assim podemos chamar a Lei, que foi recebida por Moisés no monte Sinai, veio diretamente de Deus. Deus mesmo a escreveu em duas tábuas de pedra. Diz a Sagrada Escritura: “Tendo o Senhor acabado de falar a Moisés sobre o Monte Sinai, entregou-lhe as duas tábuas de pedra escritas com o dedo de Deus.” (Ex 31, 18).
Por isto, meus queridos amigos, é que a Palavra de Deus é apaixonante. Não só por ser Palavra de Deus, mas pelos efeitos que ela realiza para quem a escuta, como por exemplo, as palavras encorajadoras do profeta Isaías (6) , (7), (8) (9).

Isto que vos escrevo é para vos encorajar e vos convidar a mergulhar na leitura da Palavra, como ensina a Constituição Dogmática Dei Verbum, do Concílio Vaticano II. Escrevo-vos isto para convidar-vos a ler com ardor e insistência as Sagradas Escrituras, para assim alcançarmos esse bem supremo: o conhecimento  de Jesus Cristo, que no hebraico vem do verbo Iadá, que significa: não um conhecimento intelectual, mas ter experiência de Jesus, intimidade,  encontro pessoal com Jesus Cristo. Para, finalmente, dizermos como a multidão que acompanhava Jesus e, vendo seus milagres, dizia: “Delá mimetón hazaín hacaná”, que, traduzindo do aramaico para o português temos: “Nunca vimos coisa semelhante!” (Mc 2, 12).
Que prazer!!! Nunca vimos coisa igual. Dizei a Deus: “Vossas obras são estupendas.” (Sl 65, 3).
Muito obrigado por poder dirigir-vos estas palavras. Deus os abençoe!

(1) “Venha a mim o vosso amor e viverei, porque tenho em vossa lei meu prazer” (Sl 118, 77)
(2) “Vossa Palavra constitui minha alegria e as delícias do meu coração” (Jr 15, 16).
(3) “Encontro minha alegria na Vossa Palavra, como a de quem encontra um imenso tesouro” (Sl 118, 162).
(4) “Antes, bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põe em prática.”(Lc 11, 28).
(5) “As palavras do Senhor são palavras sinceras, puras como a prata acrisolada, isenta de ganga, sete vezes depurada” (Sl 11, 7).
(6) “Fortificai as mãos desfalecidas, robustecei os joelhos vacilantes. Dizei àqueles que têm o coração perturbado: ‘Tomai ânimo, não temais! Eis o vosso Deus!’” (Is 35, 3-4);
(7)    “Cantai, ó céus, terra exulta de alegria; montanhas, prorrompei em aclamações! Porque o Senhor consolou o seu povo, comoveu-se e teve piedade de seu povo na aflição.” (Is 49, 13);
(8) “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, Eu não te esqueceria nunca. Eis que estás gravada na palma de minhas  mãos.” (Is 49, 15-16)
(9) “Consolai, consolai meu povo, diz vosso Deus.” (Is 40, 1).

Pe. Victor Paulo Reckziegel,sjs