A Lectio divina …

A Lectio divina …

“A Igreja exorta todos os fiéis cristãos, com veemência e de modo peculiar… a que pela freqüente leitura das divinas Escrituras aprendam a eminente ciência de Jesus Cristo” (Cat. Igr. Cat. 2653).
O mês de setembro é dedicado à Bíblia, ou seja, neste mês a Igreja nos exorta, de modo particular a experienciarmos a misericórdia de Deus por meio da Sagrada Escritura.
A importância das Escrituras na vida Igreja e de cada cristão, faz-se notar desde os primeiros séculos. Foi “Na Idade Média, que um monge de nome Guigo II escreveu uma carta com o título: Escada dos monges” (A Bíblia em um ano. Júnior E., Shalom). Tal carta apresentava um método sistemático e dinâmico para a leitura da Palavra de Deus. O método proposto por este monge se dava em quatro etapas: Leitura, meditação, oração e contemplação (cf. A Bíblia em um ano, Junior E. Shalom).
O método proposto por Guigo II, posteriormente será assumido pela Igreja, como maneira eficaz de leitura orante das Escrituras e será conhecido então como Lectio divina.
Antes de descrevermos brevemente esse método proposto para a Lectio divina, faz-se importante destacar, que o mesmo tem como ponto central nos proporcionar um colóquio íntimo com Deus que nos fala na Sua Palavra, ou seja, tal método não deve ser visto como algo mecânico, sem vida; pelo contrário, deve nos impulsionar à mesma conclusão do autor à carta aos Hebreus: “… a palavra de Deus é viva e eficaz e mais penetrante que qualquer espada de dois gumes” (Hb 4, 12 a). A partir desta certeza, aprendamos a nos relacionar com Deus por meio de Sua Palavra.

Leitura:  O primeiro passo a ser dado com a Sagrada Escritura em nossas mãos, é a leitura do texto sagrado. Esta deve ser feita com o objetivo de saber o que o texto diz em si mesmo. Então é o momento de conhecer um pouco do contexto em que o mesmo foi escrito, seu autor, etc. Portanto, neste primeiro momento devemos ler várias vezes o texto, a fim de assimilá-lo e conhecê-lo em si mesmo.
Meditação: Após o conhecimento do texto em si mesmo, devemos agora meditá-lo, ou seja, devemos nos inserir nele a fim de compreender o que Deus me diz. Agora podemos atualizar o texto bíblico, a fim de que ele seja efetivado no hoje de minha vida.
Oração: Depois de compreender o que Deus me diz através do texto bíblico, é hora de responder a Ele pela oração. Devo então conversar com Deus na sinceridade do meu coração, a fim de que Ele realize em mim uma obra nova. Portanto, a oração deve ser algo espontâneo que brota do íntimo do nosso ser.

Contemplação: depois de dialogar com Deus por meio da oração, é necessário deixar que Ele nos conduza à contemplação. Precisamos então, silenciar o nosso interior a fim de que a Sua Palavra produza em nós frutos verdadeiros. Este momento não deve ser qualificado pelo cronômetro do nosso relógio, ou seja, o tempo não determina a qualidade da contemplação nem o que sentimos ou deixamos de sentir. A verdadeira contemplação deve ser comprovada pela conversão, transformação do nosso interior e das nossas ações.
Por fim, desejosos de sermos homens e mulheres da Palavra, peçamos ao Senhor que assim como a vida da Igreja cresce com a assídua freqüência do Mistério Eucarístico, assim também Ele possa nos dar um novo impulso de vida espiritual, do aumento de veneração pela Sua palavra, que permanece para sempre (cf. Dei Verbum, VI, 26).
Pe. Jucemar Maria da Cruz, sjs.

Jornal “Uma Nova Unção”, Ed. 78

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