Papa Bento XVI

Papa Bento XVI

Por: Leonardo Meira Da Redação O Papa Bento XVI falou sobre o italiano Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo, Doutor da Igreja e fundador da Congregação religiosa do Santíssimo Redentor, na Catequese desta quarta-feira, 30. O Pontífice destacou que uma das tantas iniciativas apostólicas do santo, as chamadas “cappelle serotine” [capelas da noite] – que evangelizou pessoas pobres e modestas, muitas dedicadas a vícios e que realizavam ações criminosas nos bairros mais miseráveis da cidade italiana de Nápoles -, são modelo de ação missionária que podem inspirar também hoje uma “nova evangelização”, particularmente dos mais pobres, que ajude a construir uma convivência humana mais justa, fraterna e solidária. “Aos sacerdotes é confiada uma missão de ministério espiritual, enquanto leigos bem formados podem ser eficazes animadores cristãos, autêntico fermento evangélico no seio da sociedade”, ressaltou.

Por: Leonardo Meira Da Redação

O Papa Bento XVI falou sobre o italiano Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo, Doutor da Igreja e fundador da Congregação religiosa do Santíssimo Redentor, na Catequese desta quarta-feira, 30.

O Pontífice destacou que uma das tantas iniciativas apostólicas do santo, as chamadas “cappelle serotine” [capelas da noite] – que evangelizou pessoas pobres e modestas, muitas dedicadas a vícios e que realizavam ações criminosas nos bairros mais miseráveis da cidade italiana de Nápoles -, são modelo de ação missionária que podem inspirar também hoje uma “nova evangelização”, particularmente dos mais pobres, que ajude a construir uma convivência humana mais justa, fraterna e solidária.

“Aos sacerdotes é confiada uma missão de ministério espiritual, enquanto leigos bem formados podem ser eficazes animadores cristãos, autêntico fermento evangélico no seio da sociedade”, ressaltou.

O Santo Padre recordou que a época de Santo Afonso era marcada por uma interpretação muito rigorosa da vida moral que não aumentava a confiança e a esperança na misericórdia de Deus, mas fomentava o medo e apresentava um rosto de Deus triste e severo, bem distante daquele que foi revelado por Jesus. No entanto, esse Doutor da Igreja propõe uma síntese equilibrada e convincente entre as exigências da lei de Deus e os dinamismos da consciência e da liberdade do homem.

“Aos pastores das almas e aos confessores, Afonso recomendava ser fiéis à doutrina moral católica, assumindo, ao mesmo tempo, uma atitude de caridade, compreensiva, doce, para que os penitentes pudessem sentir-se acompanhados, sustentados, encorajados no próprio caminho de fé e de vida cristã. Santo Afonso não se cansava nunca de repetir que os sacerdotes são um sinal visível da infinita misericórdia de Deus, que perdoa e ilumina a mente e o coração do pecador, a fim de que se converta e mude de vida. Na nossa época, em que há claros sinais de perda da consciência moral e – é preciso reconhecê-lo – uma certa falta de estima pelo Sacramento da Confissão, o ensinamento de Santo Afonso é ainda de grande atualidade”, disse Bento XVI.

Além da vasta obra de teologia, Santo Afonso também escreveu muitas obras destinadas à formação religiosa do povo. “Ele insiste muito sobre a necessidade da oração, que permite abrir-se à Graça divina para cumprir cotidianamente a vontade de Deus e conseguir a própria santificação. Com relação à oração ele escreve: ‘Deus não nega a ninguém a graça da oração, com a qual se obtém o auxílio para vencer toda a concupiscência e toda a tentação. E digo, e repito e repetirei sempre, enquanto tiver vida, que toda a nossa salvação está na oração’. Daqui o seu famoso axioma: ‘Quem reza se salva’”, explicou o Pontífice.

Adoração, Maria, confiança e santidade

A visita ao Santíssimo Sacramento é uma das diversas formas de oração aconselhadas fervorosamente por Santo Afonso. “Certamente entre todas as devoções, esta de adorar Jesus sacramentado é a primeira depois dos sacramentos, a mais querida a Deus e a mais útil a nós […] Oh, que bela delícia deter-se diante de um altar com fé […] e apresentar-lhe as próprias necessidades, como faz um amigo a outro amigo com o qual tem toda a confiança!”, ensina este Doutor da Igreja.

A espiritualidade alfonsiana é cristológica e, exatamente por isso, primorosamente mariana. “Devotíssimo de Maria, ele ilustra o seu papel na história da salvação: participante da Redenção e Mediadora da graça, Mãe, Advogada e Rainha. Além disso, Santo Afonso afirma que a devoção a Maria nos será de grande conforto no momento da nossa morte”, salienta Bento XVI.

Santo Afonso também era convicto de que a meditação sobre o destino eterno e o chamado a participar para sempre das bem-aventuranças de Deus, “bem como sobre a trágica possibilidade da condenação, contribui para viver com serenidade e compromisso, e a afrontar a realidade da morte conservando sempre a plena confiança na bondade de Deus”, complementou o Sucessor de Pedro.

Ele também relembrou a defesa do santo de que a santidade é acessível a todo o cristão: “O religioso como religioso, o leigo como leigo, o sacerdote como sacerdote, o esposo como esposo, o comerciante como comerciante, o soldado como soldado, e assim falando de qualquer outro estado de vida”, diz Afonso.

“Agradeçamos ao Senhor que, com a sua Providência, suscita santos e doutores nos lugares e tempos diversos, que falam a mesma linguagem para convidar-nos a crescer na fé e a viver com amor e com alegria o nosso ser cristãos nas simples ações de cada dia, para caminhar sobre a estrada da santidade, sobre a estrada rumo a Deus e rumo à verdadeira alegria”, concluiu.

A audiência

O encontro do Bispo de Roma com os cerca de 20 mil fiéis reunidos na Praça de São Pedro aconteceu às 10h30 (horário de Roma – 6h30 no horário de Brasília). O Papa continua uma breve série de encontros para completar a apresentação dos Doutores da Igreja, no contexto de Catequeses dedicadas aos padres da Igreja e grandes figuras de teólogos e mulheres da Idade média.

Ao final da audiência, o Papa lançou um apelo em prol do diálogo na Costa do Marfim.

Na saudação aos fiéis de língua portuguesa, o Papa salientou:

“queridos fiéis da paróquia de Santa Maria do Barreiro, na diocese de Setúbal: a minha saudação amiga para todos vós, com votos de um frutuoso empenho na caminhada quaresmal que estais fazendo. Que nada vos impeça de viver e crescer na amizade de Deus, e testemunhar a todos a sua bondade e misericórdia! Sobre vós e vossas famílias, desça a minha Bênção Apostólica”.

Santo Afonso de Ligório

Nasceu em 1696 e era membro de uma nobre e rica família da cidade de Nápoles, na Itália. Com apenas 16 anos obteve a láurea em direito civil e canônico. Em 1723, indignado pela corrupção e injustiça do foro, abandonou a profissão e decidiu tornar-se sacerdote, apesar da oposição do pai. Foi ordenado sacerdote em 1726 e vinculou-se, pelo exercício do ministério, à Congregação diocesana das Missões Apostólicas.

“Afonso iniciou uma ação de evangelização e de catequese entre as classes mais humildades da sociedade napolitana, à qual amava pregar, e que instruía sobre as verdades básicas da fé. Não poucas dessas pessoas, pobres e modestas, às quais ele se dirigia, muito frequentemente eram dedicadas aos vícios e realizavam ações criminosas. Com paciência, ensinava-as a rezar, encorajando-as a melhorar o seu modo de viver”, enfatizou Bento XVI.

Santo Afonso chegou a cogitar partir para evangelizar os povos pagãos, mas, na idade de 35 anos, entrou em contato com os agricultores e pastores das regiões interioranas do Reino de Nápoles e, impressionado com a ignorância religiosa e estado de abandono em que viviam, decidiu deixar a capital e dedicar-se a essas pessoas, que eram pobres espiritual e materialmente.

Em 1732, fundou a Congregação religiosa do Santíssimo Redentor. Em 1762, Afonso foi nomeado Bispo de Sant’Agata dei Goti, ministério que, por ocasião das doenças que lhe afligiram, deixou em 1775, por concessão do Papa Pio VI. “O mesmo Pontífice, em 1787, sabendo da notícia da sua morte, acontecida após muitos sofrimentos, exclamou: ‘Era um santo!’. E não se enganou: Afonso foi canonizado em 1839 e, em 1871, foi declarado Doutor da Igreja”, complementou o Papa.

O Papa Pio XII declarou-o, em 1950, “Patrono de todos os confessores e moralistas”.

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